sexta-feira, 29 de abril de 2011

A dor suja e maravilhosa

Nesse dia eu queria
ter o mundo pra mim
um mundo pra mim.

Eu queria que o tempo fosse meu;
que cada cena fosse especial.

Seria bom que essa dor passasse
Essa acupuntura no pescoço
dói muito.

Quando eu voltar,
se eu voltar,
não os quero aqui,
eu quero poder me curar
eu quero poder descansar
eu quero poder sorrir
eu quero não precisar me importar,
eu quero ouvir todas essas melodias
eu quero ser surdo à boca dos outros
eu quero entender uma só frequência
eu quero uma frequência que só eu entenda.

Eu vou desajeitar o meu cabelo
e quero ver quem vai rir;
Eu vou dizer coisas absurdas
e quero ver quem vai dizer
que eu sou maluco
quem vai dizer a verdade;
porque a verdade só a mim interessa.

E aí tem a tal dor
que faz esse poema nascer
v-a-g-a-r-o-s-a-m-e-n-t-e;
ele gasta muitas linhas de você,
caderno meu;
caderno furtado;
importância transformada;
futilidade útil.

Eu não quero os outros
Eu não quero esse lugar
Eu quero o meu lugar
Eu quero as pessoas
Eu quero o lixo, o doce lixo.

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