sábado, 7 de maio de 2011

A maravilha da fraqueza - Alice.


Pelas tardes ela caminhava pelas ruas de areia,

suas pernas pequenas e cansadas.

Olhos tristes e lágrimas de dor...

Os lábios sorridentes haviam desistido.

Linda, em seu vestidinho de renda.

Linda, e uma margarida entre as mãos branquelas.

Linda.

Era linda.

Os passos apressados, os risos disfarçados, condenados...

Perfeita, a boneca.

Imperfeita na sua perfeição.

Mesmo assim, as pessoas a amavam.

Admiravam os orbes azuis, amavam a fronte loura sobre a luz...

Que passava sobre a rua, que colhia na velha horta...

Seu cadáver, perfeito assim, também foi encontrado perto da porta.

A rua era de barro, e as pedrinhas redondas decoravam o caminho. Era bonito, pra falar a verdade. Seu vestidinho branco rendando contrastava bem até demais com o laranja seco do chão. Seco chão.
Suas perninhas tremiam, mas ela insistia em caminhar. Dia após dia, sem cessar.
Aquela tarde ela repetiu o mesmo trajeto, passando pela mesma mansão rústica, sem notar o mesmo olhar de sempre a acompanhá-la.

O olhar sorria para a fraqueza de Alice. Interessante.

Alice, Alice... quero você nesta valsa, quero-a agora, minha doce Alice...

E ela dançou.

Naquela tarde, as coisas não foram iguais...
Tentador, o jovem rapaz que a convidava com os olhos perjuros...

"Venha, Alice... vamos para o país das maravilhas"
"Bem vinda, Alice"

Mas o nome dela não era Alice...

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Deram-lhe roupas novas e bonitas, tudo para deixa-la ainda mais linda. A perfeita bonequinha. Mas ela já sabia, sabia não era Alice? sabia que não escaparia, tudo culpa de sua fraqueza.

Alice, Alice... perdeu-se dentro dos olhos do ilusionista? Corre atrás do coelho, Alice! Atrasado, atrasado, atrasado...


Ela sabia o que aconteceria depois. Mas duvidava... ela confiava nas pessoas. Pobre tola.

"Sente-se Alice"

"Tome este veneno"

"Dance comigo, seja minha"

"Feche seus olhos de vidro, e não os abra mais"

Saia, fuja, corra o mais rápido que puder, pequena Alice!

Mas eu sei, você não faria isso... pobre tola, tão manipulada pelo medo...

Hora de ir embora. Corra contra o tempo, não pense, não tema, cuidado para não tropeçar! Não chore, corra, Alice!

Ela tocou docemente a maçaneta, mas um par de mãos brancas a impediu. Ele sorriu. Ela gritou.

Sinto falta de Alice.
Dos olhinhos de vidro, do sorriso mudo, da fraqueza...
A pele ainda é branca e macia, mas ela não pode mais sorrir...
O coelho branco a roubou, levou a pequena para o país das maravihas...
Tão doce, Alice...

Tão linda...

Tão ingênua... cândida menina...

Tão fraca...

É, isso é mesmo uma pena.

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Este foi um momento assassino da @ritaoliveiram
(baseado em "Alice no País das Maravilhas" e inspirado aleatoriamente em uma frase de uma fanfic que eu não lembro... mas serviu bastante).

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